Espaço de encontro, descoberta e reflexão sobre a arte. Âncora de liberdade entre as imagens e as palavras.

Thursday, July 27, 2006

Quem quer voar?

Boris Kovac & La Campanella
Festival de Músicas do Mundo de Sines
Dia 22 de Julho
Porto Covo

O Leste foi a paragem que se seguiu na grande festa que é o Festival de Músicas do Mundo de Sines. Boris Kocac, acompanhado pela diversidade étnica dos La Campanella, trouxe junto ao seu saxofone “worl after history”, o seu último álbum.
A dança foi o melhor veículo para acompanhar a música do sérvio, céptico optimista de dias mais felizes no caldeirão dos Balcãs.
“Vemo-nos depois da história, num outro mundo rodeado de borboletas onde a vida começa”. Concerteza, asas não nos faltam…

Ponto de encontro: http://www.boriskovac.com/

Mayra entre os deuses...


Mayra Andrade
Festival de Músicas do Mundo de Sines
Dia 21 de Julho
Porto Covo

A noite da lusofonia encerrou com Mayra Andrade, caboverdiana, senhora da terra quente, da voz meiga e da palavra simples. Apontada por muitos como a sucessora natural de Cesária Évora, a jovem artista encantou e transformou a maresia numa fragrância completamente inebriante, entre aromas de batuque, da morna e do funaná.
Contos de compreensão e amor alternaram com críticas ao poder político e social, e a comunidade guineense de Sines recebeu aquilo que precisa, mas quase sempre lhe falta em Portugal, o entendimento.
A demanda pela Atlântida há-de continuar sempre envolta em mistério, mas uma coisa é certa, Mayra Andrade encontrou e ganhou um lugar entre os Deuses.

Ponto de encontro: http://www.mayra-andrade.com/

Um círculo de histórias


Francis Hime
Festival Músicas do Mundo de Sines
Dia 21 de Julho
Porto Covo

A abrir o Festival de Músicas do Mundo (FMM), que este ano celebra a oitava edição, esteve Francis Hime, maestro, compositor e um dos símbolos da música popular brasileira (MPB). Ao piano, e com a costa de Porto Covo como cenário, o brasileiro apresentou alguns dos seus maiores êxitos e encetou, com o público, uma genuína relação de partilha e amizade.
Famoso pelas parcerias com alguns dos maiores nomes da MPB, Francis Hime revisitou, entre outros, Chico Buarque e Vinicious de Moraes, com interpretações longínquas de “Choro” e “Teresa sabe sambar”. Alternando composições clássicas e contemporâneas, levou as mais de 1500 pessoas presentes a atravessar o oceano e vislumbrarem o lado original e verdadeiro da terra de santa cruz. História atrás de histórias, o brasileiro fechou o livro: “A parceria é um acontecimento mágico”.

Ponto de encontro: http://www.francishime.com/

Tuesday, July 11, 2006

Sigam os vossos sonhos!


Festas sebastianas
Freamunde
Dia 09 de Julho


Integrado no cartaz das festas populares de Freamunde, o concerto que os Terrakota proporcionaram, na noite do passado domingo, foi memorável. Se a família da banda se encontrava em número diminuto, no final de duas horas de sorrisos e boas vibrações, os laços de fraternidade espalharam-se por um território vasto e longínquo, o mesmo em que os Terrakota descobrem a porção do conhecimento.
Romi (na foto) e os seus irmãos sabem como ninguém plantar amizade e colher as origens da terra, das civilizações e das suas culturas. Além de passagens obrigatórias pelo primeiro álbum de originais e por “Húmos Sapiens”, o público ainda foi brindado com três novas músicas do colectivo, com direito a bilhete de avião a Cuba para bailar a rumba. A dança trnsformou-se num veículo corporal de encontro cultural. Um caminho de luz e entendimento espiritual.
“Quem é que ainda acredita e segue os seus próprios sonhos?”, perguntou Junior à sua nova família. Pelo banzé de afirmação obtido, o mundo está mesmo a mudar…

“O tempo está a mudar, ar, ar, está no ar
o tempo é maior em cor
como os sorrisos da respiração mundial
todos os seres bailam num bailado do tempo
e Jah é, já está, já é, Jah está…”

A árvore que salvou a noite...


2.º Festival da Juventude da Longra
Felgueiras
Dia 08 de Julho


O segundo dia do festival voltou a não captar a atenção do público e o cenário chegou a ser desolador. Felizmente, o concerto dos Olivetree (na foto) conseguiu transformar o vazio do espaço num encontro de celebração musical e multi-cultural. O grupo usa e abusa das potencialidades da percussão, centradas no didgeridoo, para criar uma envolvência tribal, algo primitiva, e que envolve o corpo e o espírito numa brisa vinda do continente africano. Acompanhada pelo odor característico da Terra e das suas raízes. É fácil perceber a razão pela qual os Olivetree têm conquistado uma certa progressão internacional; eles são bons na música que fazem.
Já antes tinha havido uma performance interessante dos Slow Motion Beer Walk, uma banda rock proveniente de Vila Nova de Gaia, com uma vocalista cheia de feeling nos timbres vocais. Para fechar o festival, mais do mesmo, as sonoridades metal.
Fica a ideia que esta festa da juventude poderia crescer e chamar um público mais vasto e diversificado se alargassem a escolha a diferentes estilos musicais. A terceira edição dar-nos-á razão ou não…
Ainda assim, a realização, durante a tarde, de workshops sobre graffiti, didgeridoo e poesia merece, mais uma vez, o nosso aplauso.

Ponto de encontro: www.olivetreedance.com

Coliseu lunático

Coliseu do Porto
Dia 07 de Julho

Os Gotan Project voltaram ao Coliseu do Porto para apresentar “Lunático”, o álbum de homenagem ao compositor francês Carlos Gardel, editado no início deste ano. Se dúvidas haviam em relação ao funcionamento ao vivo do novo trabalho de Philippe Cohen-Solal, Chistoph Muller e Eduardo Makaroff, ao fim de duas ou três músicas o público já estava rendido aos ritmos electrónicos do tango.



“Lunático”, nome do cavalo de corrida de Carlos Gardel, foi apresentado na sua totalidade, por entre luzes de cor quente e imagens quase sempre reveladoras de um imaginário tradicional, cantado por Cristina Vilalonga. Como não podia deixar de ser, o público assim o exigia, recordou-se “La revancha del Tango” e as fundições do Coliseu abanaram. E não se julgue que a plateia estava preenchida apenas por uma juventude frenética. Também, mas com a companhia de uma geração que descobriu o Tango costumado às suas origens, sem qualquer rasgo electrónico. De repente, como nas viagens que os escravos negros realizaram no século XVIII com destino à América Espanhola, para onde levaram a dança africana que depois se desenvolveu na Argentina, o Tango renasceu. E os culpados por tal sacrilégio foram os Gotan Project. È tão bom pecar não é…?

O rock vai nu!


2.º Festival da Juventude da Longra
Felgueiras
Dia 07 de Julho











O simples facto de proporcionarem aos novos projectos musicais a oportunidade de se mostrarem a um público mais vasto merece um aplauso. Nesse aspecto, os organizadores do 2.º Festival da Juventude da Longra, em Felgueiras, estiveram num plano positivo.
O primeiro dia do evento foi dedicado a um concurso de bandas, maioritariamente provenientes da região do Vale do Ave. O estilo musical predominante foi o metal, e todas as suas variantes, mas no final quem conquistou o primeiro prémio foram os The Zool, uma banda rock de Vizela.
Para fechar o palco número um, foram convidados os Zieben (na foto). O quarteto sintrense conseguiu o concerto mais fiável e enérgico da noite, com um rock alternativo e sem ter que recorrer aos delírios gritantes colectivos que invadiram anteriormente o recinto.
Nota negativa para a fraca adesão do público, não mais de 200 espectadores. Os mais resistentes ainda puderam assistir, num palco secundário sem o mínimo de condições, à actuação dos Desecrate (Death Metal), dos Reptile (Trash Metal) e dos Fora de Serviço (Punk Rock).

Ponto de encontro: www.myspace.com/zieben